Boeing-Embraer: o acordo e quais expectativas para o setor

12/04/2019 às 3:33 - Atualizado em 15/04/2019 às 3:35

Para reagir ao acordo entre Airbus e Bombardier, a Boeing e Embraer iniciaram conversas em julho do ano passado para realizar uma união entre as empresas. Tal parceria foi finalizada em dezembro com um acordo para uma joint venture.

A negociação foi sacramentada em dezembro do ano passado, com a definição de que a companhia americana arcaria com US$5,26 bilhões por 80% do capital social da empresa, enquanto a brasileira ficaria com 20%.

A fusão, aprovada pelo governo Bolsonaro no início de 2019, foi considerada uma ação liberal e revelou possíveis característica que a equipe econômica deve ter durante o mandato. “Ficou claro que a soberania e os interesses da Nação estão preservados. A União não se opõe ao andamento do processo”, afirmou o presidente eleito.

Vale ressaltar que a opinião do governo era essencial para viabilizar o acordo, já que a União possui o golden share, poder de veto para ações importantes envolvendo a Embraer.

O que falta para a NewCo operar

No dia 26 de fevereiro, os acionistas da Embraer se reuniram e aprovaram, em assembleia, a fusão com a Boeing. A NewCo, nome provisório da empresa gerada pela união entre a empresa americana e a Embraer, está em fase final de implementação e deve passar pelas autoridades regulatórias brasileiras (Cade) e americanas.

Dessa forma, a partir de agora, a Embraer acredita que são necessários mais alguns meses para que os pormenores sejam discutidos e a NewCo possa, de fato, iniciar suas atividades.

Panorama geral sobre a união entre as duas empresas

Ainda é muito cedo para precisar exatamente o que deve acontecer nos próximos meses e como a NewCo se comportará no mercado. Apesar disso, já é certeza que a empresa resultante da união deve produzir jatos regionais e também desenvolver novas aeronaves.

Além disso, a tendência é que o mercado dessa nova empresa seja muito maior do que era o da Embraer, já que, além das companhias aéreas, a empresa poderá negociar com diversos governos, como o norte-americano.

Por que a Embraer decidiu se unir com a Boeing?

O motivo da venda da Embraer para a Boeing aviões está intrinsecamente ligado com a união entre a Airbus e a Bombardier. Isso porque, a canadense disputava com a Embraer a terceira colocação no mercado de aeronaves comerciais no mundo.

Esse cenário, por sua vez, deveria ser alterado com o acordo entre as empresas europeia e canadense. Além disso, caso a Embraer recusasse o acordo, a Boeing entraria sozinha no mercado de voos curtos e médios, competindo diretamente com a empresa brasileira.

Para reverter esse quadro, evitar consequências negativas e manter seu valor de mercado, a Embraer decidiu aceitar e negociar com a Boeing.

Críticas ao acordo entre Boeing e Embraer

Em contrapartida a esse quadro, o Brasil perde sua empresa mais consistente, além de ferir a soberania no mercado aeroviário brasileiro. Vale lembrar, que a Embraer é a única empresa brasileira ativa e com importante participação no mercado internacional.

Outro temor dos críticos são as demissões, que poderiam afetar as fábricas da Embraer no país. Como consequência de tudo isso, novos projetos seriam prejudicados e a geração de superávits comerciais também diminuiria.

Em resposta, por meio de nota, o governo anunciou que os empregos nas fábricas da Embraer seriam mantidos, bem como o corpo de engenheiros da empresa. Uma outra possibilidade é, inclusive, que existam ainda mais ofertas de geração de emprego como consequência da joint venture.

O que permanece igual?

Considerado um dos investimentos mais promissores da Embraer, o comércio dos cargueiros militares KC-390 continuará pertencendo majoritariamente a empresa brasileira.

Essa negociação implica uma nova joint venture, em que a Embraer mantém 51% das ações e a Boeing 49%. Outro fator que não deve entrar no negócio são as áreas de aviação executiva e segurança, que continuam com a multinacional brasileira.

As ações da Embraer também devem permanecer iguais. “Nada muda para o acionista minoritário da Embraer. As ações continuarão listadas e negociadas na B3. Os acionistas não receberão ações da nova empresa que assumirá a divisão comercial, nem terão que trocar os papéis atuais”, lembra o analista da Mirae Asset, Pedro Galdi.

Apesar das críticas, às expectativas do mercado são positivas. Resta-nos esperar pelos próximos meses e garantir que o acordo entre Boeing e Embraer seja positivo, não só para as duas empresas, mas também para o Brasil.