Saiba como está o modal hidroviário brasileiro atualmente

08/04/2019 às 5:34 - Atualizado em 29/03/2019 às 5:37

O Brasil possui um território gigantesco e, consequentemente, muitas regiões propícias para o transporte por água. Além disso, o modal hidroviário é muitas vezes essencial para determinadas viagens.

Dessa forma, apesar de seu caráter apenas complementar, as hidrovias poderiam ser muito mais importantes para o transporte brasileiro do que são atualmente. Mas porque isso acontece? E quais são as propostas do governo para aquecer e estimular o setor?

Modal hidroviário é deixado de lado no Brasil

As hidrovias, historicamente, foram deixadas de lado no Brasil. Para se ter ideia, apenas 13% dos transportes no país são realizados por meio desse modal, enquanto 63% utilizam as rodovias, 21% as ferrovias e 3% os aviões e os dutos.

E essa desproporção se torna ainda maior se compararmos com outros países que possuem um território semelhante ao do Brasil. No caso da China, 50% de todo o transporte é realizado por meio de hidrovias, ou seja, é quase cinco vezes a mais do que nossa realidade.

Já no caso dos Estados Unidos, 30% de toda a produção é escoada por hidrovias. Mas afinal, como é possível um país com tantos rios, lagos e costas ficar tão atrás de outros países com potenciais semelhantes?

Por que o transporte hidroviário não é utilizado?

As explicações são muitas e vão desde desinteresse por parte do governo até puro descaso. Nesse sentido, podemos lembrar que, segundo a lei, qualquer barragem para hidrelétrica construída sem eclusa fica inviabilizada para a navegação.

Esse é o caso de três das quatro hidrelétricas construídas ao longo dos 2,4 quilômetros de extensão do Rio Tocantins. Assim, a navegação é extremamente prejudicada e possíveis rotas que poderiam ser utilizadas se tornam inviáveis.

Além disso, desde a década de 60, os diversos governos brasileiros possuem uma mentalidade em favor das rodovias. Isso porque, esse modal necessita de um custo inicial reduzido e pode ser finalizado antes.

Vantagens do sistema de transporte hidroviário?

O transporte hidroviário possui diversas vantagens, que poderiam significar uma eficiência muito maior para as transportadoras. “O transporte hidroviário é muito menos poluente, muito mais seguro e mais barato”, disse o engenheiro logístico Elcio Ribeiro ao portal Nexo.

Além disso, outra característica positiva desse tipo de sistema é a capacidade de armazenagem, já que é possível transportar grandes quantidades de carga em apenas uma viagem.

E para suportar tudo isso, o Brasil dispõe de aproximadamente 27 mil quilômetros de trechos fluviais navegáveis. E vale lembrar que essa extensão representa apenas 64% de todo o potencial e capacidade do sistema hidroviário do país.

Principais hidrovias do país

O Brasil possui hidrovias relevantes e que poderiam ser muito mais utilizadas para fretes nacionais. A maior, e que mais chama a atenção, é a Solimões-Amazonas, com mais de 15 mil quilômetros de extensão. Mas além dessa hidrovia, a Paraná-Tietê e a Tocantins também possuem relevância para o cenário nacional.

Propostas do novo governo

Para desenvolver as hidrovias, bem como outros modais, o recém-empossado Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, pretende privilegiar acordos com a iniciativa privada e expandir as concessões.

Outra medida do político será fazer com que o DNIT atue também sob o sistema de hidrovias. Assim, será possível planejar as ações governamentais e desenvolver o transporte brasileiro.

Com essas medidas, em teoria, o modal hidroviário deve ser estimulado e pode ser uma ótima rota para transportes multimodais, complementando fretes de caminhões e ferrovias.