Transporte aeroviário: demanda e concessões devem aumentar

21/03/2019 às 1:33 - Atualizado em 22/03/2019 às 1:38

O transporte aeroviário vivenciou um boom entre 2000 e 2014, crescendo mais de 210% nesse período. Mas, com a crise que o Brasil enfrentou entre 2014 e 2016, o modal estagnou e as estatísticas desabaram, tanto no frete de cargas, como no deslocamento de pessoas.

Esse quadro gerou reações do mercado e também do governo, que propôs algumas soluções na época. Apesar disso, o setor aéreo enfrentou muitos problemas e somente em 2018, a procura por voos das companhias brasileiras voltou a aumentar.

Por outro lado, esse avanço recente ocasionou novos impasses e questões, que são verdadeiros desafios para o recém-eleito governo de Jair Bolsonaro. E para solucioná-lo, o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, já sugeriu diversas medidas em seu discurso de posse.

Fusões e uniões dentro da aviação

Não só para enfrentar a crise, mas também para obter grande parte do mercado, gigantes brasileiras se uniram à empresas de outros países. Em 2010, a gigante companhia TAM se uniu a chilena LAN, criando a Latam, a maior rede de transporte aéreo da América Latina e uma das maiores do mundo.

O processo só foi finalizado, de fato, no ano de 2015, com a união das identidades da marca. Naquele momento, o vice-presidente executivo da LAN, Enrique Cueto, considerou “uma oportunidade para levar a América do Sul para o mundo, em um cenário cada vez mais competitivo”.

No ano passado, ocorreu outro fenômeno capaz de provocar impactos na aviação nacional e mundial: foi a união entre a brasileira Embraer e a norte-americana Boeing. Essa seria uma resposta ao acordo entre Airbus e Bombardier, que também anunciaram a ligação entre as duas fabricantes.

Todas essas medidas colaboraram para o aumento da capacidade de transporte no Brasil e a possibilidade de mais investimentos, que poderiam constituir uma importante e massiva melhora no modal aéreo brasileiro. Diante desse quadro, o que deve acontecer neste ano?

Expectativas para 2019 no transporte aéreo

Divulgada em fevereiro deste ano, a Sondagem Expectativas Econômicas no Transporte (SEET) revelou importantes expectativas sobre o transporte aéreo no Brasil para o ano de 2019.

A maior parte dos entrevistados acredita que, como a demanda por voos deve aumentar, a tendência é que os aeroportos brasileiros não sejam capazes de suportar o alto número de passageiros.

Pesquisa sobre o modal aéreo brasileiro

Dentro desse contexto, essas opiniões possuem amparo das previsões do relatório Global Travel Forecast, realizado a partir da parceria entre a empresa CWT e a Associação Global de Viagens Corporativas.  

As pesquisas revelaram que, na contramão do mercado nacional, os gastos com hotéis em 2019 devem diminuir cerca de 1,9% e as passagens aéreas também devem ficar aproximadamente 3,1% mais baratas.

Fim da limitação de voos entre Brasil e Estados Unidos

Em 2011, os ex-presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama assinaram uma medida que visa democratizar o modal aéreo brasileiro e americano, provocando avanços nos dois países.

De acordo com as antigas regras, eram permitidos apenas 301 voos entre os dois países, número, que a partir da aprovação da medida, deve ficar à cargo das companhias.

Dessa forma, o projeto, que foi aprovado no Congresso em 2018, possibilita que as empresas sejam capazes de escolher conforme a demanda, potencializando cada vez mais o transporte aéreo entre Brasil e Estados Unidos.

Opinião do mercado

Em contrapartida, a Latam afirmou em nota que, “o Governo Federal precisa criar condições para o país desenvolver a perspectiva de um novo ciclo de crescimento e realizar as reformas tributária e política”.

Além disso, a companhia fez outro requisito ao governo, “Estas ações são fundamentais para atrair os investimentos prioritários que tragam ganhos de produtividade e competitividade ao Brasil. No caso da aviação, isto significa ter atenção aos temas sensíveis e oportunidades tributárias, como a composição do preço do querosene de aviação, que deve se alinhar às práticas mundiais do setor aéreo”.

Medidas tomadas pelo governo

Diante desses fatos, o governo eleito em 2018 precisa propor soluções que viabilizem um transporte mais democrático e sustentável. Além disso, é necessário resolver o iminente e real problema da superlotação de aeroportos, fenômeno já visível em diversas capitais brasileiras.

A principal medida já revelada pelo novo ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, é potencializar os apoios com a iniciativa privada. Essa medida, adotada não só no aéreo, mas em todos os modais de transporte, visa entregar setores públicos que não geram receitas para “os que possuem condições de investir e criar possibilidades de melhorias”.

Dessa forma, o governo recém-eleito pretende manter e estimular o processo de concessões, que já foi abordado pela equipe econômica do ex-presidente Michel Temer.

Como serão as concessões e quais são as consequências desse processo

O plano divulgado pelo Ministério da Infraestrutura pretende realizar a concessão de 44 terminais aéreos à iniciativa privada. Esse processo seria dividido em blocos, misturando aeroportos mais lucrativos para empresários com opções que devem gerar menos frutos.

Esse processo já deve ser iniciado no próximo mês, garante o ministro: “Vamos testar em março o leilão dos três blocos de aeroportos e, se der certo, já anunciamos a sexta rodada. Também faremos uma rodada de blocos no pré-sal e, com um bom resultado, anunciaremos a próxima etapa”, comenta Tarcísio Freitas.

Após finalizar a sexta e a sétima rodada de concessões, previstas para 2021, o governo pretende fechar a Infraero. Segundo o novo secretário de aviação civil do governo, Ronei Glanzmann, o Estado deve ser reduzido e algumas empresas governamentais devem ser extintas.

As propostas para o transporte aeroviário são muitas, mas ainda é um verdadeiro debate solucionar todos os problemas com esse modal no Brasil. Apesar disso, segundo o Sondagem Expectativas Econômicas no Transporte, as atitudes do novo governo possuem a aprovação de empresários e podem render frutos para o país.