Um retrato da logística portuária no Brasil: importância e desafios

09/03/2019 às 10:11 - Atualizado em 13/03/2019 às 10:18

Cerca de 90% de todas as exportações do Brasil são realizadas pelo modal hidroviário, ou seja, rios, mares e oceanos são extremamente importantes para a economia do país. E para viabilizar esse tipo de transporte, a logística portuária é essencial.

Em contrapartida, o setor é o que menos recebe investimentos do governo federal. O Caderno Transportes, divulgado pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação no início do ano, revelou as quantias destinadas aos principais modais brasileiros.

Enquanto o setor rodoviário foi contemplado com um investimento de 8 bilhões de reais, o ferroviário com 5,1 bilhões e os aeroportos com 1,22 bilhão, os portos especificamente receberam apenas 397,5 milhões de reais no mesmo período.

A importância da logística portuária para o transporte brasileiro

Para que o um porto funcione de forma positiva e cumpra com seu papel, é necessário uma área de administração por trás do funcionamento, capaz de compreender todas as atividades responsáveis pela movimentação de cargas e propor soluções assertivas para questões inerentes ao transporte.

Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), os portos públicos brasileiros cresceram 3,2% no primeiro trimestre de 2018. Além do mais, esse modal é essencial para o transporte dos “granéis sólidos”, em que representam 61,8% de todo o movimento da categoria.

Por causa da importância da logística portuária, sua estrutura foi dividida em três tipos: complexo fixo, administração e operação. Elas devem funcionar de forma coordenada e profícua para que nenhum problema impeça o frete.

A prática no Porto de Santos

Considerado o maior da América Latina, o Porto de Santos vive uma crescente desde 2009, quando foi registrada uma movimentação de 83,2 milhões de toneladas de mercadorias. Para 2018 a previsão é de que o porto feche o ano com cerca de 131,3 milhões de toneladas transportadas.

Dessa quantidade cerca de 66% dos produtos foram destinados para o embarque enquanto o restante para desembarque. Toda essa demanda é formada por diversos tipos de mercadorias, incluindo desde commodities como soja e milho até containers.

Para equalizar todo esse processo e evitar um problema em efeito dominó, a logística deve ser eficaz e precisa. Vale ressaltar que o Porto de Santos, assim como muitos outros no Brasil, está intrinsecamente ligado ao transporte rodoviário, responsável por realizar grande parte do transporte das mercadorias até o porto em si.

Logística portuária: desafios

Em geral, os portos brasileiros possuem dois grandes problemas capazes de influenciar em sua capacidade de transporte: a burocracia e a falta de uma estrutura adequada, fatores que impedem uma eficiência no transporte de mercadorias a partir dos portos.

Uma queixa de muitos empresários com relação aos portos é o excesso de burocracia. Os trâmites legais para registrar ou liberar uma carga são extremamente demorados e podem levar vários dias.

A estrutura da maioria dos portos brasileiros é defasada e também pode trazer grandes consequências para a logística portuária no Brasil. Alguns portos estão sobrecarregados e não possuem terminais suficientes para o tamanho de sua demanda, o que torna todo o processo ainda mais lento.

Comparação com a logística portuária de outros países

Considerado o mais eficiente do mundo ocidental, o Porto de Roterdã possui uma logística que deve ser estudada e servir de inspiração para o Porto do Santos, que possui um espaço significativo e sofre críticas de muitos empresários e estudiosos.

Segundo os dados revelados por cada porto, enquanto o de Roterdã movimentou 12 milhões de TEUs, o equivalente a 440 milhões de toneladas, o de Santos prevê para 2018 a movimentação de apenas 131 milhões de toneladas, pouco mais de um quarto da capacidade do porto holandês.

Possíveis ações para melhorar a logística dos portos brasileiros

Algumas soluções são idealizadas para equilibrar a movimentação de cargas dos portos brasileiros e potencializar o transporte portuário no Brasil. Uma dessas ações é a cabotagem, ou seja, a navegação de navios e barcos entre portos de um mesmo país.

No Porto de Itajaí, localizado em Santa Catarina, essa prática cresceu de 17.568 no primeiro semestre de 2017 para 40.555 no mesmo período de 2018. O Assessor de direção da Superintendência do porto revelou ao O Município a importância desse tipo de transporte: “Esse sistema tem tudo para incrementar no aumento de movimentação e assim se consolidar neste segundo semestre tornando-se uma importante alternativa no transporte de cargas”.

Além disso, uma regulamentação mais flexível e a busca por investimentos públicos e privados também poderiam ser soluções para os problemas dos portos brasileiros. Uma estimativa divulgada no Congresso Internacional de Desempenho Portuário revelou que o Brasil precisa de um investimento de 1 trilhão de reais para melhorar as condições de seus portos, possibilitando uma melhor ação da logística portuária.