3 caminhos para superar a crise nos transportes no Brasil

28/10/2016 às 1:54 - Atualizado em 08/12/2016 às 1:49

3 caminhos para superar a crise nos transportes no Brasil

A avaliação é de que é preciso priorizar gastos, reconquistar a confiança externa e firmar parcerias com a iniciativa privada para tirar o país da crise nos transportes

Desde que a crise nos transportes começou, em meados de 2014, pelo menos 12 mil trabalhadores do setor já perderam seus empregos. É o que afirmou, no início de outubro, o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella, durante um painel de debates no Instituto Legislativo Brasileiro.

Na ocasião, em que foram discutidos possíveis caminhos para driblar a crise, o ministro revelou que, diante da atual situação da economia, o novo governo teve que estabelecer “novas e duras prioridades” para reaquecer o mercado interno e impedir que o problema perdure por muito mais tempo.

Segundo ele, o ministério vai finalizar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que estão mais avançadas e cumprir os contratos que já foram firmados. Para dar prosseguimento a todas as obras já iniciadas, porém, seria necessário despender uma quantia 17 vezes maior que o orçamento anual da pasta.

Em 2015, o governo federal investiu somente 0,19% do PIB (Produto Interno Bruto) no setor de transportes. Para sair da crise, a Frente Parlamentar de Logística dos Transportes e Armazenagem cobrou investimentos maiores e enviou uma série de recomendações para os poderes executivo e legislativo, a fim de aprovar políticas públicas que contribuam para a recuperação do setor.

De modo geral, especialistas concordam que devem ser tomadas pelo menos três grandes medidas para reverter a crise nos transportes. Juntas, essas medidas formam uma espécie de tripé, que ajudará a fortalecer e sustentar o setor pelas próximas décadas.

 

Programa de Parceria de Investimentos (PPI)

Os principais objetivos do governo, agora, são reconquistar a confiança dos investidores, atrair financiamentos e parcerias com a iniciativa privada e desburocratizar os processos internos. Na prática, isso significa que um dos primeiros passos será a concessão de aeroportos, rodovias, portos e ferrovias a empresas por meio de leilões. Para determinar de que maneira isso acontecerá, foi criado o Programa de Parceria de Investimentos (PPI).

Na lista, estão os aeroportos de Salvador (BA), Fortaleza (CE), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS), os terminais portuários de Santarém (PA) e do Rio de Janeiro (RJ), as rodovias BR 364/365/GO/MG e BR 101/116/290/386/RS, além das ferrovias Norte-Sul, Ferrogrão e Fiol. Os leilões devem começar a partir de 2017.

A avaliação do governo é de que a concessão, hoje, é uma das melhores alternativas para manter investimentos nos transportes, uma vez que o alto custo necessário para garantir a manutenção do setor no Brasil impede que o dinheiro seja usado para outros fins.

 

Renovação da frota

Outro caminho possível para o país superar a crise nos transportes é a renovação da frota. Essa proposta está no Plano CNT de Recuperação Econômica, encaminhada pela Confederação Nacional do Transporte para o governo federal, e destaca que a medida pode trazer diversos benefícios não somente econômicos, como também sociais e ambientais.

De acordo com a CNT, a implantação do Programa de Renovação de Frotas pode gerar cerca de 285 mil empregos e arrecadação de R$18 bilhões em impostos, contribuindo para alavancar o PIB em pelo menos 1,3%.

A troca de veículos velhos por novos pode, ainda, diminuir os riscos de acidentes no trânsito, reduzir o consumo de combustível em 18% e contribuir para a redução da emissão de gases poluentes na atmosfera.

 

Atrair investimentos estrangeiros

Chamar a atenção de investidores externos também faz parte das medidas que o governo brasileiro pretende tomar para contornar a crise nos transportes.

Atrair investimentos estrangeiros, principalmente para infraestrutura, é um caminho fundamental para melhorar e otimizar os serviços no setor de transporte do país. Por enquanto, a ideia é retomar a confiança do mercado externo, mostrando que o Brasil é um país seguro para se investir e que, com medidas como essa, pretende retomar o crescimento econômico muito em breve.

 

Outras medidas necessárias

Além destas, especialistas apontam outras medidas importantes para melhorar a situação dos transportes por aqui. Garantir investimentos para solucionar os entraves, melhorar a qualidade das rodovias, investir na construção de terminais fluviais e ampliar o acesso da população ao transporte aéreo por meio de passagens mais baratas são algumas delas.

Fato é que caminhos para solucionar o problema não faltam. Não é uma crise que veio para ficar, mas quanto antes forem tomadas as ações necessárias para reverter o quadro, melhor para o país e principalmente para quem depende do setor de transportes para pagar as contas.