A verdadeira situação das estradas no Brasil: entenda o que aconteceu na pesquisa CNT de rodovias

28/11/2018 às 3:15 - Atualizado em 15/01/2019 às 9:08

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou recentemente a 22ª edição da “Pesquisa CNT de rodovias”. O levantamento tem como objetivo analisar e mapear o sistema rodoviário brasileiro, classificando a situação das estradas e o impacto para transportadoras e caminhoneiros.

O resultado indicou um pequeno avanço em relação aos anos de 2017 e 2018, mas ainda sugere as rodovias no Brasil como inadequadas e com condições insatisfatórias para o transporte de carga.

A pesquisa já possui muita credibilidade e é capaz de pontuar os principais problemas da malha rodoviária brasileira e também as regiões que possuem as melhores estradas. Além disso, o estudo de 2018 revelou quanto o empresário brasileiro gasta a mais por causa das condições nesses locais.

Como a pesquisa CNT foi feita?

A Pesquisa CNT analisou mais de 107 mil quilômetros de rodovias, ou seja, toda a malha federal que está pavimentada e alguns trechos de estradas estaduais. Nessa contagem foi possível traçar um diagnóstico sobre as vias mantidas pelo governo federal e estadual e pelas iniciativas públicas e privadas, determinando quais são as melhores.

Além desses, outros fatores participaram do estudo. Os pesquisadores abordaram a condição do pavimento, a geometria, a sinalização e outras variáveis importantes que podem interferir na vida do caminhoneiro.

Situação rodovias no Brasil

O levantamento deste ano revelou que 57% dos trechos das rodovias brasileiras analisadas possuem algum problema, já que foram classificadas como regulares, ruins ou péssimas. É um pequeno avanço se compararmos ao percentual de 61,8%, obtido em 2017.

Esse número mais positivo em relação ao ano passado passa principalmente pelo fator “sinalização”. Em 2018, 55,3% das rodovias no Brasil foram classificadas como ótimas ou boas nesse quesito, enquanto no ano passado o índice era de apenas 40,8%.

Por outro lado, o fator “geometria” continua extremamente negativo. Nesse ano, 75,7% das vias foram consideradas como regulares, ruins ou péssimas. Já o pavimento foi visto como problemático em 51% dos trechos da malha rodoviária brasileira.

Extensão pública x extensão privada

Uma das variáveis abordadas na pesquisa realizada pelo CNT foi quem administra a rodovia, ou seja, se ela é pública ou concedida à alguma empresa privada. Nesse caso, os números revelaram uma grande discrepância entre esses dois tipos de vias.

Extensão concedida:

  • 42,5% ótimo;
  • 39,4% bom;
  • 16,6% regular,
  • 1,4% ruim.

Extensão pública:

  • 4,6% ótimo;
  • 29,6% bom;
  • 39,4% regular;
  • 18,4% ruim,
  • 8% péssimo.

Os números são um reflexo do investimento público na infraestrutura do transporte. Isso porque cada vez mais a porcentagem do PIB investida neste segmento está diminuindo. Vale lembrar que entre 2010 e 2014 foram investidos 0,32% do produto interno bruto, enquanto entre 2015 e 2018 apenas 0,18%.

Extensão federal x extensão estadual

Outra análise importante que deve ser feita é se as rodovias são administradas pelo governo estadual ou pelo federal. Nesse caso, a Pesquisa CNT revelou importantes informações sobre a qualidade nas duas categorias.

Extensão federal:

  • 10% ótimo;
  • 41,6% bom;
  • 36% regular;
  • 9,6% ruim,
  • 2,8% péssimo.

Extensão estadual:

  • 14,3% ótimo;
  • 14,3% bom;
  • 33,8% regular;
  • 24,8% ruim,
  • 12,8% péssimo;

Custo para as transportadoras

A logística das rodovias brasileiras é extremamente problemática, pois os investimentos públicos são escassos e o prejuízo é repassado para as transportadoras, que são obrigadas a arcarem com um custo elevado simplesmente pela baixa qualidade da malha federal.

Diferente de outros fatores, o custo operacional dos transportadores não diminuiu se compararmos as Pesquisas CNT de 2017 e 2018. No estudo atual foi comprovado que a situação das estradas fez com que o valor de um transporte ficasse cerca de 26,7% mais caro, variando entre as regiões do país.