As Caixas de Carga tornam-se a Bola da vez na busca pela Eficiência

26/07/2016 às 8:33 - Atualizado em 26/07/2016 às 8:33

As Caixas de Carga tornam-se a Bola da vez na busca pela Eficiência

As caixas de carga tornam-se a bola da vez na busca pela eficiência, em função das cada vez mais restritas opções de otimização dos caminhões 

Reunidos na 63ª IAA, em Hannover, os implementadores que ditam as tendências mundiais do encarroçamento de cofres de carga consolidaram sua disposição de apostar pesado em tecnologia embarcada para sustentar o tripé produtividade-segurança-economia de custos.

Na verdade valeram os “puxões de orelha” dados especialmente na última década a respeito do abismo que existia entre a tecnologia aplicada nos caminhões e a presente nos implementos – desnível que também sentimos fortemente aqui no Brasil.

O banho de tecnologia começou a ser tomado por essa indústria e já produz os primeiros frutos. Isso já ocorreu há muito tempo nas  encarroçadoras de chassis de ônibus europeias, “encampadas” pelos grandes produtores de chassis.

No muito mais complexo universo dos implementos e dos veículos de carga comercial, entenderam ambos os lados finalmente que os caminhões do futuro obrigatoriamente têm de levar em conta o conjunto e simplesmente não existirão sem a parceria dos implementadores, tanto na parte de suspensão, sistemas de frenagem, utilização de materiais e de aplicação de sofisticados conceitos de aerodinâmica.

Isso já acontece em diversos protótipos, onde se nota a harmonia total entre caminhão e complemento. O Future Truck da Mercedes-Benz, por exemplo, a composição integra soluções continuadas com as aplicadas no cavalo-mecânico, embora o que mais chame atenção é o conjunto de dispositivos aerodinâmicos desde os defletores frontais, laterais, de teto e traseiros às saias laterais e as esculturas traseiras desenvolvidas para minimizar a turbulência.

As novas soluções são interligadas, pois não apenas tratam de aliviar a resistência do ar, mas indiretamente também contribuem para a estabilidade dos conjuntos, o peso próprio das composições e a homogeneidade dos sistemas de suspensão, freios e pneus.

Apesar disso, vários semirreboques já incluem os mais sofisticados sistemas de governo de freios como o ABS e EBS e fazem dupla com os caminhões nos sistemas de controle da aceleração lateral, dispositivos de saída de faixa e já transitam preparados para os sistemas de conectibilidade total.

No plano da produtividade, cada vez mais importante para a saúde financeira do transportador, cada milímetro cúbico de ganho ou grama de capacidade útil oferecida é valiosa. Por isso, acoplamentos cada vez mais justos, turbulências cada vez menores e um rodar cada vez mais equilibrado. 

Enfim, cresce sensivelmente o número de parcerias entre fabricantes, montadoras e implementadoras na busca de diferenciais cada vez mais finos, argumentos importantes na hora de conquistar clientes que contam economia às gotas e milímetros.           

Tudo isso tem sido possível porque a crise dos últimos anos foi dominada e a grande maioria dos implementadores festeja período de crescimento e recuperação plena. A maior implementadora do mundo, a SchmitzCargoBull, por exemplo, comemora o fim da crise e um ano dos melhores, com um crescimento de nada menos que 7,5% no faturamento. As vendas chegaram a € 1,625 bilhão, cerca de R$ 5,5 bilhões, graças à comercialização de 45.300 unidades. Para completar, espera por mais uma evolução de 11% neste 2015, quando deve alcançar € 1,8 bilhão e 48.900 unidades.

A grande tacada da CargoBull, todavia, é a parceria feita com a gigante chinesa Dongfeng, numa joint-venture para a construção de uma fábrica naquele país. Ulrich Schümer, presidente do Conselho, explica que os investimentos de € 100 milhões na fábrica de Wuhan estão sendo muito bem empregados.

Num mercado de 200 mil unidades pesadas, a planta, que já iniciou a produção, deverá conquistar 10% do mercado. “A capacidade de produção chegará a 40 mil unidades/ano na plenitude”, disse Schümer. Ou seja, o impacto da fabrica chinesa poderá corresponder a uma elevação de 50% nos números de produção da alemã.     

Novos Tempos

Na Schimitz Cargobull, o Safety Truck já é realidade. A empresa escolheu para isso a configuração mais perigosa entre todas do transporte rodoviário: os semirreboques graneleiros. Lembram-se quantos acidentes já contamos causados apenas pelo basculamento fora de hora? O caso do Rio de Janeiro foi o mais difundido, mas muitos outros ocorrem, atingindo não apenas passarelas, mas viadutos, fiações energizadas etc.

Pois bem, a Cargobull caprichou e lançou um pacote tecnológico que incluiu em suas caçambas meia cana. Os controles são absolutos e buscam a proteção máxima com a disponibilidade de informações em tempo real a respeito da calibragem dos pneus, da aceleração lateral, da trava de basculamento, da balança de carregamento e situação dos freios.

Enfim, é os implementos finalmente avançam para reduzir a defasagem em relação ao estágio tecnológico dos caminhões e cavalos-mecânicos. Já é comum o controle por controle remoto. Projetado pelo método de elementos finitos (FEM), o chassi apresenta nível elevado de estabilidade, provado em estacionamentos em ângulo, situação potencialmente perigosa.

A tecnologia nele embarcada analisa a situação e, no caso de posição desfavorável, dispara um alarme de alerta. Ao melhor feitio dos dispositivos de reconhecimento do “stol” nos aviões, os graneleiros da CargoBull estão sendo protegidos.

O sistema da implementadora integra apps para smartphones e tablets para que o motorista seja alertado a distancia quanto a várias não conformidades na composição que dirige, desde a pressão no sistema de suspensão, travamentos de segurança, pressão nos pneus etc.

O uso de acionamentos elétricos também contribui para o conforto, produtividade e segurança. É o caso da cobertura em lona, agora enrolada e não deslizante, não requerendo checagens e elevando a rapidez de carga e descarga.

O sistema de pesagem embarcado, por exemplo, agiliza as operações sobremaneira e permite a impressão da nota de entrega imediatamente, comparando os pesos antes e depois da descarga do material. Complementarmente, a balança contribui para o enchimento adequado da carroçaria, respeitando a Lei de carga máxima, estabilizando o veículo e promovendo a economia de combustível. Outra novidade apresentada foi um revestimento antiderrapante (foto de abertura) com índice mi de 0,6, que segundo os técnicos da implementadora é o dobro dos convencionais e aumenta em muito a segurança operacional.

As implementadoras europeias também desenvolveram soluções para o incremento da produtividade dos transportadores segmentados. No caso dos setoristas de autopeças, a elevação da altura interna para 3 metros possibilitou grandes ganhos. Ajustes de altura dos tetos permitem o empilhamento de um pallet padrão a mais aumentando a capacidade de volume em 33%. Uma calibragem possível em apenas 35 segundos. Isso inclui a elevação do teto do sider, o trabalho da empilhadeira e a recolocação do teto na altura real e seu travamento.

As novas travessas desenvolvidas pela implementadora substituem o processo convencional de soldagem e estandardizam a produção. As 20 laminadas substituem 280 perfis diferentes das soldadas.  Além disso, garantem os técnicos, a qualidade aumenta porque se elimina a tensão resultante do calor gerado pela soldagem.

Outra gigante, a Krone, que em 1999 apresentou um modelo, SafeLiner, já integrando o conceito de saias laterais, trouxe um elenco peso pesado para a IAA. Entre vários destaques sobressai o sider Megaliner para cargas industriais com capacidade para 100 metros cúbicos. O pé direito de 2.850 até 3.000 acima da linha de piso a 965 mm do chão tem teto elevatório para possibilitar as operações realizadas por empilhadeiras.

A estratégia da Krone é a de desenvolver implementos dedicados aos segmentos econômicos e assim, graças a amplas pesquisas, levantar a bandeira da alta produtividade como argumento principal. Neste rol está o MegaLiner Automotive, desenhado para satisfazer os transportadores da indústria de autopeças.

Outro exemplo é o Vario Floor, ao feitio dos transportadores de carga geral. Neste caso diversos níveis de altura permitem a oferta de um semirreboque com mezaninos reguláveis, dependendo da altura dos materiais que são transportados.

Os cuidados com a economia de combustível chegam até ao sistema de fechamento dos sideres. O sistema de cortina lateral Krone EasyTarp, com quatro fechos internos são consideravelmente menos susceptíveis à resistência do ar (o efeito flanar) e contribui para a economia. Um vantagem e tanto é que o fechamento é pneumático e central. Ao motorista basta colocar as partes dianteira e traseira e acionar o interruptor de bloqueio pneumático na parede frontal. 

Produtividade

A Kögel, uma alemã de 80 anos, produziu 12,5 mil unidades no último exercício e faturou € 280 milhões, cerca de R$ 900 milhões, deu adeus a crise definitivamente: nos últimos quatro anos elevou a produção de 5 mil para 12,5 mil unidades pesadas.

A aposta da empresa, para variar, também tem sido a de investir em tecnologia como a produção de chassis mais leves, inclusão de tanques de CNG nos berços, uso de Ecotires, saias laterais, difusores aerodinâmicos e mecanismos de abertura rápida dos semirreboques.

Para compatibilizar e racionalizar o uso dos implementos a empresa lançou unidades extensíveis em até 1,3 metro, para o caso de a transportadora transferir cargas volumétricas variáveis. São nada menos que 8 m³ ou 6 pallets padrão, o que significa até 10% de economia de combustível e um grande aumento de produtividade.

Entre os SR Mega da Kögel ajuste de engate entre 990 e 1180 mm e de altura do teto de até 300 mm na parte frontal e 200 mm na traseira permitem grandes ganhos em uma frota, com a colocação de um pallet a mais na altura.

No sider a implementadora instalou 19 unidades de fixação da lona de cada lado e oferece ainda um sistema hibrido para abrir e fechar as cortinas pneumaticamente. O dispositivo fecha completamente o semirreboque em 30 segundos e leva 36 para abrir as cortinas laterais.          

A Fliegl, além de suas celebres caçambas, que funcionam por pistão e dispensam o basculamento, deu ênfase ao seu implemento dumper isotérmico e garante que sua caçamba não oferece pontos frios, além de exibir um índice de transferência térmica 150% acima da exigência legal. A partir deste ano o uso de veículos com temperaruta controlada passou a ser mandatório na construção de estradas na Alemanha.   

Entre os famosos semirreboques MegaRunner e RoadRunner, a Fliegl apresentou sideres bobineiros e o Greenlight Road Runner, um semirreboque com tara de apenas 6 toneladas, garantindo 800 quilos a mais de carga útil que os concorrentes.

A diminuição de peso tem sido conseguida pela implementadora graças ao uso de chassi de aço galvanizado de alta resistência e o máximo de autoportabilidade das estruturas, com a eliminação do número de travessas e itens metálicos.

A engenharia da Fliegl usou o mesmo conceito construtivo no desenvolvimento do semirreboque plataforma portacontêiner. Neste, a evolução impressiona ainda mais, o implemento faz seu serviço com apenas 3 toneladas de peso próprio.

A francesa Chereau, implementadora de 60 anos especializada em furgões frigoríficos -detém 50% do mercado francês e 10% do europeu-, comemora a produção de 2,7 mil unidades e o faturamento de € 144 milhões, mas, além de tudo, os prêmios que recebeu pela inovação dos seus produtos.

O sistema SmartOpen-C especialmente, com uma porta traseira deslizante que não toma espaço do teto e permite total performance do frigorífico, além de permitir máxima produtividade – as operações de abertura e fechamento são feitas em apenas 10 segundos, garantindo a manutenção da temperatura interna e rapidez nos procedimentos de carga e descarga.

Graças ao sistema que inclui painéis de controle interno e externo, a agilidade da operação aumenta o número de entregas diárias e, além disso, o mecanismo da porta tem função aerodinâmica, pois sua construção permite 10% de economia de combustível, graças ao elemento vazado traseiro, uma solução para eliminar a turbulência do veículo em velocidade cruzeiro.

Alain Guermeur, presidente da Chereau, garante que os requisitos de praticidade, desempenho, proteção pela higiene máxima e produtividade possibilitam uma rápida amortização do investimento. “Os ganhos de tempo, confiabilidade e conforto na operação são muito grandes”, assegura Guermeur. Os ganhos chegam a um pallet em semirreboque de 33 pallets, com aproveitamento suplementar de 50 mm em altura e comprimento e 60 mm em largura.

Baixo Peso

A mais que centenária Schwarzmüller, a austríaca de Freinberg e quarta implementadora da Europa, chegou chegando e prometendo praticamente dobrar de tamanho até 2020, com o faturamento atual de € 235 milhões arredondado para € 450 milhões.

Para o CEO da empresa, Jan Willem Jongert, chegou a hora dos semirreboques: “O potencial de otimização dos caminhões está esgotado, a partir de agora os implementos assumirão o papel principal rumo ao futuro”, assegura ele.

De olho nisso, a Schwarzmüller apresenta o semirreboque UltraLight de três eixos e tara de 4.850 quilos. “Mais carga útil não é só mais produtividade e rentabilidade, mas também economia de combustível”, lembra Jongert.

No seu centésimo quadragésimo ano de vida, a empresa investe pesado em tecnologia e desenvolve composições de baixo peso e resistentes com seus recursos de engenharia, diz o CEO. “A nossa missão é combinar perfeitamente materiais e processos para isso.”

O grau de sofisticação dos implementos atinge até os veículos pequenos com o mesmo grau de integração. A alemã Sommer é um exemplo disso, especializada na implementação de comerciais leves de até 8 toneladas, embora também ofereça semirreboques,  a empresa desenvolveu opção para a nova Daily e Krafter.

Objetivo principal desenvolver complementos que elevem sobremaneira a rapidez de coleta e entrega e possibilitem total eficiência na organização da carga em pequenos espaços. Para isso, desenvolveu estanteria adaptável às mais diferentes necessidades dos operadores logísticos.

O sistema TAS de estanteria, composto por painéis de madeira com superfície resinada e com organizadores como perfil de alumínio tem uma tara de apenas 200 quilos para vans de até 3,5 t. E seus técnicos garantem: a produtividade dos manipuladores eleva-se consideravelmente, graças à facilidade de seleção das mercadorias nos nichos de 500 mm de largura.