Conheça o mercado dos quatro maiores tipos de transporte do Brasil

11/01/2019 às 3:24 - Atualizado em 15/01/2019 às 2:03

Por ter dimensões continentais, o Brasil precisa de diferentes e desenvolvidos modais de transporte, capazes de realizarem a interligação de produtos e cargas entre diferentes cidades e estados e possibilitando também que mercadorias sejam exportadas de forma assertiva.

A partir disso, existem muitas críticas ao governo federal, muitas vezes relacionadas à ineficiência do conceito de operação multimodal e à falta de apoio para uma logística eficaz, tanto para as transportadoras como para os trabalhadores.

Veja a seguir uma análise dos principais tipos de transporte no Brasil. Entenda a situação deles a partir de dados do Ministério do Transporte, do Anuário CNT e de alguns órgãos reguladores.

1. Rodoviário

O modal rodoviário é o principal e mais importante no território brasileiro. O Anuário CNT de 2018 revela que nos últimos três anos houve um crescimento de quase 3 mil quilômetros considerando todas as estradas brasileiras pavimentadas. Atualmente esse número é de 213.452,8 quilômetros, o que ainda parece insuficiente para suprir às demandas nas diferentes zonas do Brasil.

A qualidade das rodovias também é um problema. Na 22ª Pesquisa CNT de Rodovias foi revelado que cerca de 57% das estradas brasileiras analisadas está em situação insatisfatória, sendo classificadas como regulares, ruins ou péssimas.

Essa análise possui uma clara relação com os investimentos feitos no transporte brasileiro nos últimos anos. Segundo o IBGE, o PIB do setor de transporte caiu 4,3% em 2015 e 6,8% em 2016 e teve um inexpressivo avanço de 0,9% em 2017. Apenas no ano de 2018 existe a projeção de um crescimento melhor e capaz de proporcionar melhorias na malha rodoviária brasileira.

Transporte de cargas

Segundo a Associação Brasileira dos Caminhoneiros, o modal rodoviário representa 61% do transporte de cargas no Brasil. Para cumprir com todos os fretes existem mais de 147 mil empresas transportadoras de cargas, 332 cooperativas e 492 mil motoristas autônomos regularizados.

Apesar da oferta de veículos, em decorrência da crise econômica, o custo do frete é extremamente caro no Brasil. Esse valor chega a ser 55% caro que em outros países, devido a impostos, qualidade das rodovias e outros fatores.

O Plano de Logística de Transporte divulgado em 2018 pela CNT alega que seriam necessários 1,7 trilhão de reais de investimentos para resolver totalmente os problemas com os fretes no Brasil.

Outra perspectiva, do Plano Nacional de Logísticas e Transportes do Governo Federal propõe que 400 bilhões seriam o suficiente para resolver efetivamente a todas essas questões.

Transporte de pessoas

No Brasil existem 28.464 veículos destinados ao transporte rodoviário de passageiros. Todos eles são administrados por 5.392 empresas que atuam no setor.

Os últimos dados da CNT revelam que no ano de 2017 foram transportados 79 milhões de passageiros dispostos em distâncias semi urbanas até interestaduais ou internacionais. Nesse último caso, o principal destino é o Uruguai, com 30 mil passageiros no ao de 2017.

2. Ferroviário

Um dos tipos de transporte com um grande potencial no Brasil, mas que é pouco explorado. O país tem apenas 30 mil quilômetros de malha ferroviária que transportaram no ano passado 538.8 milhões de toneladas úteis, segundo o Anuário CNT.

Infelizmente, muitas cargas que são transportadas por longas distâncias – e que deveriam ir nos trens -, são levadas nos caminhões e, graças às péssimas condições de muitas rodovias, ocorrem não só problemas com os prazos de entrega, mas também com o estado das mercadorias ao final da viagem.

O Anuário CNT também traz outros dados interessantes sobre o mercado: hoje são 100.158 vagões em operação no Brasil. O setor emprega mais de 40 mil funcionários e pode ser uma alternativa muito positiva às rodovias.

E prova disso é que as previsões da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres – indicam que R$ 91 bilhões serão investidos até 2038 para melhoria das ferrovias e de sua infraestrutura.

Vale lembrar que historicamente os governos brasileiros deixam de lado o modal ferroviário em detrimento das rodovias. Se comparado ao Estados Unidos a situação fica ainda mais alarmante, já que o país do norte possui 10 vezes mais quilômetros de ferrovias que o Brasil.

Hoje, os principais eixos do setor ferroviário são destinados para transportar commodities, como minério de ferro e grãos da agroindústria. Entre as principais ferrovias estão a Ferrovia Norte-Sul, Estrada de Ferro Carajás e a Estrada de Ferro Vitória-Minas.

3. Aeroviário

O Brasil é a segunda nação do mundo em número de aeroportos, mas somente 65 deles concentram praticamente todo o tráfego (98%), segundo dados da ANAC (Agência de Aviação Civil) de 2015.

Os dados mais atuais da agência, atualizados em dezembro de 2018,  indicam que existem 2.610 aeródromos regularizados e cadastrados no Brasil, sendo 2.028 privados e 582 públicos.

Por possuir metrópoles a nível global, o Brasil sofre com o transporte de carga por aeronaves. Isto é, o modal aéreo é constituído principalmente pelo transporte de passageiros.

Dessa forma, segundo a Associação Brasileira de Empresas Aéreas, apenas 20% dos compartimentos de aviões são destinados ao deslocamento de produtos e mercadorias.

Para se adequar a demanda, em 2017 foram realizados 947 mil voos, sendo 811 mil domésticos e 135 mil internacionais. Tudo isso em 498 aeronaves com uma proporção de 6,5 pilotos por mil decolagens.

4. Hidroviário

Muito comum no Norte do país, o modal aquaviário possui cerca de 14 mil quilômetros de extensão, o que faz o Brasil superar países como Rússia e China. Isso faz com que 90% das exportações brasileiras seja realizada por rios, mares e oceanos.

Apesar de tudo isso, o custo por movimentação de cargas no Brasil continua elevado em relação à média mundial. Esse modelo poderia ser ainda mais explorado se não fosse essa questão, já que o Brasil possui 27 mil quilômetros de vias fluviais navegáveis que poderiam facilitar o transporte de centenas de toneladas de mercadorias.

Nessas condições, em 2017 foram movimentadas quase 1 milhão e 100 mil toneladas de cargas. Segundo o Anuário CNT de 2018, a maioria desses deslocamentos ocorreu no Porto de Santos (100 milhões), Itaguaí (50 milhões) e Paranaguá (45 milhões).

Investimentos são necessários

Para proporcionar uma logística mais eficiente no território nacional é necessário um estudo do transporte de cargas no Brasil de forma ampla e uma análise de como proporcionar os melhores investimentos para o setor.

É comum a muitos transportadores que grande parte dos deslocamentos no país é realizada por rodovias e estradas, o que gera uma grande concentração de caminhões e outros tipos de transporte acabam sendo deixados de lado.

As perspectivas, segundo dados da CNT, são positivas. Ou seja, a tendência é que nos próximos anos o Brasil supere de vez a crise financeira e adeque os investimentos nos diferentes modais de transporte da melhor forma possível.