Recorde no repasse

10/04/2017 às 2:37 - Atualizado em 10/04/2017 às 2:37

Pela primeira vez o Banco Mercedes-Benz liderou o financiamento para aquisição de veículos comerciais no Brasil, superando até os bancos oficiais

Pela primeira vez em 21 anos o Banco Mercedes-Benz foi o que mais financiou a compra de veículos no país, deixando para trás gigantes como os bancos Itaú e Bradesco.  Ao final do período, a instituição somou R$ 1,46 bilhão, contra R$ 1,42 bilhão do Bradesco e R$ 1,26 do Itaú. “Registramos um crescimento de 2,6% apesar da crise”, comemora Bernd Barth, presidente do Banco Mercedes-Benz. A explicação, para o dirigente, é a política de aceitação de crédito muito mais estável que a do mercado financeiro convencional. Como banco de montadora, a instituição consegue perceber o potencial dos clientes, seu histórico e confiabilidade.

Num mercado em queda vertiginosa, os aportes do BNDES despencaram de R$ 23,05 bilhões em 2015 para R$ 9,7 bilhões em 2016, registrando uma redução de 57,9%, o conhecimento dos clientes é o fiel da balança, junto com o maior portfólio de apoios aos negócios, como a recepção de caminhões usados de qualquer marca e ter lastro para isso. “Em 2016 também investimos pesado em soluções digitais para acelerar as negociações e oferecer um canal de renegociação de dívidas”, diz Barth, que complementa que outra solução aplicada foi a de envio de propostas para o vendedor diretamente. Com essas e outras, o Banco Mercedes-Benz acabou na liderança de repasses do Finame no ano passado. Foram 11.473 veículos pesados, que contaram com a reação dos negócios com ônibus, expressivos 62,2% acima de 2015, num total de R$ 284,8 milhões. Para o dirigente não há segredo: “O que fazemos é garantir as melhores condições tanto para o consumidor final como para as revendas, para que eles possam efetuar seus negócios”. Barth prevê um ano pouco melhor que o anterior, mas com crescimento reduzido. Esta é a mesma opinião do presidente da Anef, associação que reúne as empresas financiadoras, Gilson Carvalho.

A expectativa é de que o saldo de financiamentos registre um pequeno aumento de 2,5% e atinja R$ 166,7 bilhões. Já o total de recursos liberados poderá crescer um pouco mais e somar R$ 86,7 bilhões, o que representa uma alta de 5,5%. A explicação para a queda de 2016 foi consequência, segundo Carvalho, das restrições da concessão de crédito ao consumidor. Ao mesmo tempo em que os bancos, em razão do aumento dos riscos, foram mais rigorosos, muitos consumidores optaram por adiar suas compras com medo de não quitar sua dívida.

“O ano foi de muita cautela, tanto por parte das pessoas, como por parte das instituições financeiras”, avalia o presidente da entidade, diz. “No primeiro semestre, o mercado deverá manter o ritmo, pois o nível de confiança da população ainda continua baixo e ninguém quer comprometer sua renda ou ficar inadimplente. Depois, nossa expectativa é de crescimento no volume de negócios, mas ainda muito inferior aos anos anteriores”, avalia Carvalho. No ano passado, a taxa de inadimplência nas operações de financiamento registrou aumento de 0,4 ponto percentual tanto para pessoas físicas como para jurídicas. Para o primeiro grupo, a taxa foi de 4,6%, enquanto para o outro, foi de 5.0%. Na carteira de leasing, o índice de não pagadores foi um pouco menor: 3,8% para as pessoas físicas e de 3,6% para as empresas. “Os índices de inadimplência ficaram abaixo da expectativa, o que é muito bom, mas estão crescendo. Em 2014, a taxa para as pessoas físicas era 3,9% e em 2015, foi de 4,2%”, explica o presidente da Anef. No segmento dos veículos pesados, o Finame foi responsável por 62% das negociações, seguido pelo CDC (17%), compras à vista (14%), consórcio (5%) e leasing (2%).

“Em veículos comerciais o financiamento via Finame sofreu retração de quatro pontos percentuais. Em 2016 foram liberados no total R$ 80,2 bilhões via CDC –Crédito Direto ao Consumidor, dos quais R$ 8,8 bilhões, cerca de 11%, para empresas. Na carteira de leasing o montante chegou a R$ 2,0 bilhões, queda de 32,2%, e R$ 1,4 bilhão, 55% para pessoas jurídicas. “Isso pode ser atribuído à migração dos interessados para modalidades de financiamento como o consórcio e o CDC, e também para as compras à vista”, afirma Barth, também vice-presidente setorial de veículos comerciais da Anef.

“Um dos prováveis fatores para essa mudança pode ser atribuído às condições pós-fixadas do Finame, que não se mostraram tão atrativas em relação às demais modalidades pré-fixadas, sinalizando preferência dos clientes por alternativas mais seguras e previsíveis de financiamento frente a um cenário econômico considerado ainda instável”, conclui. Na comparação com as instituições independentes, as taxas praticadas pelos bancos ligados às montadoras continuaram mais atraentes. Em dezembro, as entidades associadas à Anef cobraram juros de 23,14% ao ano e 1,76% ao mês, enquanto os independentes trabalharam com 25,70% e 1,92%, respectivamente. O prazo médio das concessões é de 42,4 meses. Já o prazo máximo oferecido pelos bancos é de 60 meses.