Um balanço dos principais tipos de transporte brasileiros: rodoviário, ferroviário, aeroviário e hidroviário

28/02/2019 às 4:15 - Atualizado em 12/03/2019 às 4:19

Os tipos de transporte utilizados pelo Brasil não variaram muito com o passar dos anos. Prova disso é a supremacia do modal rodoviário em detrimento dos outros, que foram deixados de lado em muitos momentos de nossa história.

Além dele, com o intuito de buscar novas tecnologias, o Brasil passou a investir em outras frentes. Saiba um pouco mais sobre cada uma e veja a importância delas para o transporte brasileiro.

1. Rodoviário

De forma inegável o transporte realizado por estradas e vias terrestres possui a maior distribuição espacial dentro do território brasileiro. Os dados anuais da CNT revelam que a malha rodoviária cresceu 40 mil quilômetros entre 2001 e 2015, valor extremamente mais relevante do que os outros modais de transporte.

O imenso tamanho do transporte rodoviário no Brasil fez com que o número de caminhoneiros crescesse também. Atualmente já são cerca de 700 mil profissionais autônomos e 150 mil transportadoras.

Apesar disso as condições para o transporte permanecem impróprias. Uma pesquisa da CNT concluiu que 58% dos trechos de rodovias brasileiras possuem algum problema, algo que pode tornar o custo do frete 55% mais caro.

Diante desse quadro, resta a esperança de investimentos públicos. O Plano Nacional de Logística e Transportes do Governo Federal propõe que sejam gastos 400 bilhões de reais para solucionar todos os problemas nas vias brasileiras.

2. Ferroviário

Muito populares em outros países, as ferrovias são deixadas de lado no Brasil. Apesar do potencial para exploração, existem apenas 30 mil quilômetros de malha ferroviária que transportam por ano cerca de 490 milhões de toneladas úteis.

Além da quantidade, a falta de integração e manutenção são outros problemas das ferrovias brasileiras. Esses fatores fazem com que utilizar esse tipo de transporte terrestre seja inviável para muitas transportadoras.

Infelizmente, muitas cargas que são transportadas por longas distâncias – e que deveriam ir nos trens -, são levadas nos caminhões e, graças às péssimas condições de muitas rodovias, ocorrem não só problemas com os prazos de entrega, mas também com o estado das mercadorias ao final da viagem.

Esse quadro pode ser refletido em números. Segundo o IPEA 2010, cerca de 33 bilhões de reais foram gastos no modal rodoviário, enquanto o ferroviário recebeu apenas 4.5 bilhões. Essa realidade se mantém, e prova disso são as previsões da ANTT, que estipulam um investimento de “somente” 91 bilhões nas malhas ferroviárias até 2038, algo próximo de 4,1 bilhões por ano.

Todos os fatores acima fazem com que esse tipo de transporte terrestre esteja destinado ao transporte de commodities, como grãos e o minério de ferro. Para isso, as principais ferrovias são a Norte-Sul, a Estrada de Ferro Carajás e a Estrada de Ferro Vitória-Minas.

3. Aeroviário

O Brasil possui 2.463 aeroportos, o que faz o país o segundo do mundo com o maior número de aeródromos registrados, sendo 1806 particulares e 657 públicos. Apesar disso, segundo a Agência de Aviação Civil (ANAC), apenas 65 deles concentram 98% do tráfego total no país.

Esse fenômeno faz com que seja difícil criar um planejamento para viabilizar o transporte aéreo, principalmente o de cargas, no país. Como resultado dessa informação, um dado da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) revela que apenas 20% dos compartimentos das aeronaves são utilizados para o transporte de cargas.

Apesar disso, um dado da Confederação Nacional do Transporte (CNT) revela que o transporte aéreo cresceu no ano de 2017. Durante os doze meses foi constatado o deslocamento de 1,25 milhão de toneladas, um valor 8,9% superior ao ano completo de 2016. Grande parte desse número (821,2 mil toneladas) é fruto de viagens internacionais, um aumento de 13,1% em relação ao ano anterior.

4. Hidroviário

Popular em países como Índia, Rússia e China, o transporte hidroviário é muito comum no norte do Brasil, contando com cerca de 14 mil quilômetros de extensão, o suficiente para superar os países citados.

Apesar de corresponder a 90% das exportações brasileiras, é um dos tipos de transporte menos explorados, ainda mais tendo em vista as bacias hidráulicas do país. Alguns dados explicam o porquê:

  • segundo o IBGE de 2014, o custo de movimentação de cargas pelo melhor porto do país era de US$ 13 por tonelada, enquanto a média mundial é US$ 7,00
  • o frete no Brasil fica com 35% do preço final do produto para exportação, já que boa parte das cargas trazidas para os portos ocorre por meio do transporte rodoviário.

Vale lembrar que o Brasil possui três portos públicos ativos para o transporte de commodities, principalmente petróleo, minério de ferro e soja. Apesar da variação, mais de um décimo dos deslocamentos ocorre no Porto de Santos, em São Paulo.

Tendência multimodal

Cabe destacar que o transporte multimodal está ganhando cada vez mais importância no Brasil. Nesse tipo de deslocamento, o cliente contrata apenas uma transportadora, que é a responsável única para levar a carga pelo Brasil, realizando a variação de modais de transporte.

Mas isso significa o que? Nesse caso, a transportadora deve realizar a substituição, quando necessário, de uma carga que está em um caminhão para um navio, por exemplo. Esse procedimento é realizado com o intuito de facilitar a logística, economizando tempo, e às vezes, dinheiro, independente do tipo de transporte.

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