Um retrato do combustível no Brasil para transportes

06/04/2019 às 5:24 - Atualizado em 29/03/2019 às 5:33

O mercado do combustível no Brasil possui uma influência direta, não só no lucro das transportadoras, mas também no preço final do produto que será repassado ao consumidor ou ao exportador.

Essa relação produz verdadeiros impactos para a economia e para o setor do transporte. Isso porque, a alta dos valores gera um efeito dominó, já que a demanda tende a diminuir e, consequentemente, os pedidos de frete também.

Sendo assim, nos diferentes modais utilizados no Brasil, existem muitas pressões para que o governo evite ou faça o possível para não influenciar no aumento de preços dos combustíveis. Nesse sentido, cabe à equipe econômica agir de forma mais transparente e propor soluções adequadas e viáveis aos empresários.

Um pouco sobre o combustível no Brasil

O preço dos combustíveis no Brasil possui uma relação inerente com o desenvolvimento dos transportes no Brasil. No caso dos aviões, por exemplo, os processos criados ao longos dos anos possibilitaram um barateamento do transporte, desenvolvendo esse tipo de frete no país e criando alternativas mais baratas e eficientes.

Além disso, esse mercado está em constante evolução e se transforma ano após ano. Nesse contexto, um importante fator é a sustentabilidade, que está cada vez mais “cobrando” das empresas o uso de combustíveis menos poluentes.

Apesar de muitas propostas, o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Décio Oddone, revelou que o mercado praticamente estagnou no ano de 2018. “Eu acredito que uma elevação dos preços dos combustíveis possa ter causado também uma retração no consumo, além da retração causada pela situação da economia”, lembrou.

Combustível para aeronaves

A demanda por viagens de avião, a valorização do dólar e a alta nas cotações do petróleo mundial influenciam no alto preço do combustível para aviação comercializado no Brasil.

Essa é, justamente, uma das maiores queixas do setor, ou seja, empresários e companhia alegam que o preço está inviável e exorbitante para a realidade do transporte aéreo brasileiro.

E essa reclamação possui embasamento. Pelo menos é o que garante a pesquisa Jet Fuel Price Monitor, organizada pela Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA). Segundo levantamento, o preço do combustível para aviação na América Latina é o mais caro do mundo, 10 centavos por litro acima da média mundial.

Essa reclamação está na pauta de muitas empresas do setor, “No caso da aviação, isto significa ter atenção aos temas sensíveis e oportunidades tributárias, como a composição do preço do querosene de aviação, que deve se alinhar às práticas mundiais do setor aéreo”, alega, em nota, a Latam.

Veja o gráfico abaixo com os valores nominais do querosene de aviação no Brasil até o final de 2018:

Fonte: Abear

Combustível para navios

Com dimensões continentais, o transporte hidroviário é uma grande promessa e possibilidade para o Brasil. Porém, para tornar essa modalidade viável, é necessário oferecer condições vantajosas para transportadores.

Nesse sentido, uma regra que valerá a partir de 2020, pretende trazer benefícios, não só para o meio ambiente, mas também para as grandes refinarias. Isso porque, a partir desse momento, as embarcações precisarão utilizar combustíveis com um índice menor de enxofre.

“Se a indústria da navegação precisar de combustíveis mais limpos, o setor de refino vai sair ganhando”, lembra o vice-presidente de mercados de refino, produtos químicos e petróleo da Wood Mackenzie, Alan Gelder.

Outra tecnologia, já utilizada na Noruega, é a produção de combustíveis por meio do resto de peixes mortos. Esse processo é possível, segundo o porta-voz da empresa responsável pelo processo, Thomas Ege, a partir da mistura dos animais com outros resíduos orgânicos, de forma a resultar em um biogás que pode substituir o combustível pesado.

Nesse cenário, muitos especialistas estão vendo o transporte hidroviário com otimismo, ainda mais após 2018. “Com a greve [dos caminhoneiros], empresas que já usavam a cabotagem aumentaram os volumes transportados e quem não usava passou a usar”, revela o presidente da Abac, Cleber Cordeiro.

Combustíveis para caminhões

A história entre caminhões e o mercado de combustíveis no Brasil é longa e sempre existem novos episódios. No ano passado, quem não se lembra da greve dos caminhoneiros no mês de maio? O acontecimento parou o país e um dos principais pontos era justamente esse: a alta do diesel nas bombas.

E essa crítica era extremamente embasada, já que, segundo o Centro brasileiro de Infraestrutura, em pouco menos de um ano, o diesel havia se valorizado em 56,5% nas refinarias.

Diante desse quadro de aumento dos preços de combustíveis fósseis, novas alternativas estão sendo desenvolvidas para colocar no mercado opções sustentáveis, econômicas e também viáveis para os transportadores.

E esses novos recursos vão desde a energia elétrica até biocombustíveis e outras inovações que surgem cada vez mais no mercado. A cada ano surgem expectativas sobre o fim do diesel e a incorporação de novas alternativas, mas esse processo não é rápido e ainda deve demorar alguns anos.

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