Vendas de Implementos Rodoviários patina no primeiro trimestre

26/07/2016 às 10:46 - Atualizado em 26/07/2016 às 10:49

Vendas de Implementos Rodoviários patina no primeiro trimestre

As vendas de implementos rodoviários patinaram no primeiro trimestre diante das incertezas e do baixo ritmo da economia

Esperando uma mudança de ventos para o segundo trimestre, a Anfir divulgou os números da indústria de implementos brasileira consolidados no primeiro trimestre deste ano. Como era esperado, as decepções foram as maiores entre as últimas décadas.

O segmento de implementos pesados foi o que apontou os números mais frustrantes: o total de reboques e semirreboques emplacados no período registrou uma queda de nada menos que 50,18%, enquanto os sobre chassi, embora seguindo a mesma ressaca, despencaram “apenas” 28,87%.

No total deixaram as linhas de produção 23.018 unidades, contra 36.539 implementos comercializados em 2014. “O desempenho do setor reflete o desaquecimento geral da economia e não há sinais de que o cenário possa ser revertido a curto prazo com medidas de incentivo ao mercado”, lamenta Alcides Braga, presidente da Anfir – Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários.

Para o dirigente, este começo de ano tem sido um dos mais críticos. “Até agora o segmento foi obrigado a demitir 20% de seus funcionários para sobreviver a tal depressão”, informa ele. Fazendo as contas sobre uma base de mais de 70 mil colaboradores, o setor demitiu cerca de 15 mil pessoas.

Para variar, novamente, o governo interferiu diretamente nos maus resultados, repetindo as trapalhadas do ano passado. “Em 2014 as incertezas também nos levaram a uma espera de um trimestre”, lembra Braga.

Além do débâcle da economia como um todo e as restrições pesadas ao crédito, uma série de fatores leva os analistas de mercado a estimar um PIB negativo para este ano, variando entre 0,58 a 1,00%. Decisões do governo de aumentar as alíquotas pagas pelas empresas sobre a receita bruta referentes à contribuição previdenciária reduzem a desoneração da folha de pagamento, diminuindo a expectativa de que incentivos à produção sejam oferecidos.

Para o presidente da Anfir todos os sinais levam a crer que 2015 será um período muito difícil para a indústria de implementos. “A retração anual deverá ser de aproximadamente 11%”, diz Braga.       

“Estamos ligados diretamente a todos os setores que oferecem produtos, contribuindo desde a matéria prima, os semiacabados e os acabados, por isso os reflexos são diretos diante do desempenho da economia”, garante Mario Rinaldi, diretor Executivo da Anfir.

Enquanto no ano passado a participação dos consórcios no total das vendas animou os fabricantes – a fatia chegou a 12% das unidades comercializadas -, este ano tal participação minguou no primeiro bimestre, fruto das incertezas dos transportadores. A participação hegemônica é do Finame, com 85% do total.

No momento de penúria atual sobra uma coisa de bom para o comprador: os prazos de entrega são os melhores já vistos. “As entregas têm sido quase imediatas, mesmo com preços semelhantes aos de quatro anos atrás”, diz Braga.

Para ele, a indústria hoje apresenta um quadro quase surreal: um mês de estoque. Pelas contas da Anfir, os pátios da Guerra contam com estoque de 600 implementos, mesmo número mostrado pela Librelato, frente a mais de mil unidades na Randon.

Ou seja, no momento, empresas de transporte podem adquirir implementos e carroçarias sobre chassi mais comuns com pronta entrega, coisa que se alguém dissesse seria o bastante para tachar o cidadão de louco.